sábado, 22 de março de 2008

O hóquei e eu

A mais longínqua memória que tenho de um contato com o hóquei no gelo é em 1992, com uma edição da finada revista Ação Games, que trazia um guia do jogo Slapshot para Master System. Eu tinha uns 7, 8 anos de idade. Mas, ao bater o olho no jogo, eu já sabia que aquilo era hóquei no gelo — possivelmente, vi o esporte em desenhos, coisa do tipo. Mais tarde, vi aquele jogo na tela do vídeo game in veritas.

Acho que, como a maioria dos fãs brasileiros de hóquei, meus primeiros contatos de fato com o esporte foram com os jogos da série NHL da EA Sports, que eu jogava no Super Nintendo. Desde já, gostava de jogar com o Mighty Ducks of Anaheim, possivelmente por simpatizar com o escudo da equipe. Mas ainda não sabia nada a respeito do jogo. Sabia que aqueles times existiam, que aquele campeonato existia, mas não sabia nada a respeito do mesmo.

Os filmes vieram logo em seguida. A trilogia do Mighty Ducks (que muita gente tem por horrível, e analisando do ponto de vista do hóquei, de fato é um filme ruim) e Morte Súbida, com Jean-Claude vanDamme foram os primeiros que assisti por inteiro. Antes, durante um passeio pelo Shopping Center Recife, tive contato com Slap Shot (me recuso a usar o título Vale Tudo). E a cena dos irmãos Hanson subindo na arena para surrar torcedores foi bem marcante na minha infância. Infelizmente, não sabia nada sobre aquele filme, não vi ele inteiro, nem título sabia qual era, e só vim assisti-lo na íntegra quase dez anos depois.

Quando comecei a acompanhar hóquei de verdade, eu até já tinha uma jérsei do Mighty Ducks. Foi por volta de 2002, quando acessei o canal #NHL no IRC e descobri TheSlot.com.br. Através da revista virtual, pude acompanhar melhor a NHL. A essa altura, eu assistia a jogos na ESPN. Mas as partidas aconteciam fora de horário e de programação e era difícil pegá-las no ar. Ao vivo então era uma raridade. Mas pude ver os Ducks vencerem a Conferência Oeste sobre o Minnesota Wild, em jogo que tenho gravado, e perder a Copa Stanley para o New Jersey Devils, o que me foi de uma infelicidade incrível, porque eu achava impossível que os Ducks chegassem a outra Copa.

A temporada 2003-04 foi a primeira que acompanhei na íntegra, pela ESPN, por TheSlot.com.br e, através do fotolog que criei para pôr meus desenhos na rede, conheci Luiz Pedone (do fotolog molson_canadian), Vítor (do fotolog nhl e finado colunista do NHLBr.com), Leo Santojo (do leo_santojo), Daniel Miojo (o louco do modano131) , Fábio (do avs) e André José Adler (do touchdown, narrador da NHL e NFL na ESPN). Conhecendo esse pessoal, entrando em comunidades de hóquei do Orkut... era muito melhor acompanhar a NHL, porque havia o contato com outros torcedores. Havia com quem comentar, havia a tiraçã de onda com derrotas, etc.


Em 2005 eu e o Pedone criamos o blog Camisa10, para acompanhar a Copa do Mundo da Alemanha. Depois de um ano (o blog foi criado em junho), Pedone convocou o Humberto Fernandes para fazer parte do blog. Humberto era colunista de TheSlot.com.br. Através de Humberto, conheci o louco Eduardo Costa, e comecei a ter mais contato com o pessoal de TheSlot.com.br. A NHL voltou do locaute na temporada 2005-06, a segunda temporada completa que acompanhei. Os Ducks foram aos playoffs, surpreenderam vencendo o Colorado Avalanche, mas perderam a final de conferência para o Edmonton Oilers. De qualquer forma, eu estava muito satisfeito, porque o Sr. e a Sra. Samueli, empresários, compraram os Ducks da Disney. O time passou a se chamar Anaheim Ducks na temporada 2006-07 e, com uma defesa formada por Chris Pronger e Scott Niedermayer, tornou-se favorito a vencer a Copa Stanley.

Na mesma temporada, passei a contribuir com TheSlot.com.br e entrei na LBH, a Liga Brasileira de Hóquei, primeira liga virtual simulada do Brasil, com a franquia João Pessoa Turtles (hoje João Pessoa Tartarugas). Aos poucos contribuindo com TheSlot.com.br, acabei virando colunista fixo da revista. E, de quebra, vi meus Ducks vencerem sua primeira Copa em cima do Ottawa Senators — favoritismo confirmado.

Hoje torço pelo bi-campeonato e sigo escrevendo para TheSlot.com.br. Mas foi através da revista e dos artigos de Eduardo Costa e J.J. Júnior (vulgo Mec) que aprendi a admirar o hóquei não gelo — e não apenas a NHL. A história, o que acontece ao redor do mundo. E é por isso que hoje estou aqui, ao lado do Pedone, com este blog voltado à grandiosidade deste que é o esporte mais empolgante do mundo.

quinta-feira, 20 de março de 2008

A minha história com o hóquei

Nasci em 1987. Naquele ano, Lemieux marcou o gol do título da seleção canadense contra a União Soviética na Copa do Canadá. Sidney Crosby, atual detentor dos Troféus Hart e Art Ross, dava, como este que vos escreve, as primeiras noites em claro aos seus pais, Trina e Troy.

Não, não irei lançar uma teoria de que minha paixão pelo hóquei – e, principalmente, pelos Penguins – tem relação com o ano do meu nascimento. Mesmo que o meu pai, um espírita, acredite que há algo do gênero no meu incomum gosto pelo esporte.

Enfim, nasci e passei meus primeiros anos de vida com uma bola de futebol no pé. Boa parte das minhas primeiras fotos são com a camisa da seleção brasileira e/ou chutando uma bola. Como todo menino brasileiro, parecia que seria mais um torcedor fanático pelo bolapé e que simplesmente ignoraria a existência do hóquei.

Em 1993, ao passear em um shopping, tive o primeiro contato com o hóquei. Não, as televisões à venda não passavam as grandes defesas de Roy e os Canadiens rumo à Copa Stanley, tampouco o fracasso dos Pens após uma temporada regular sensacional. O hóquei estava em um lançamento, para Mega Drive, chamado NHL ’93. O jogo, primeiro da série da Eletronic Arts que existe até hoje, me fascinou. Passei o resto do ano choramingando que queria o tal do video-game.

Ganhei o video-game, mas não o jogo de hóquei. Até me diverti com o jogo oficial dos Jogos Olímpicos de Inverno de ’94, mas o esporte sobre o gelo que havia me interessado era outro. Passei alguns anos esperando o dia de jogá-lo.

O tempo passou, eu mudei de cidade e de video-game, mas o hóquei ainda me chamava atenção. Assisti pela primeira vez o famigerado filme Nós Somos Os Campeões 2 e decidi que iria jogar hóquei. Liguei para o supermercado, vi o preço dos patins e do taco. Pedi para os meus pais e eles disseram não. Me questionaram: “Você vai jogar com quem?”. Tive que me contentar com o jogo Stanley Cup, para Super Nintendo. Naquele mesmo ano, houve a Copa Nescau de hóquei in-line e um dos times visitou o meu colégio. Foi uma das experiências mais interessantes da minha infância.

O Super Nintendo deu lugar ao Playstation e o hóquei continuou com um lugar especial nos meus jogos favoritos. O primeiro jogo que joguei quando ganhei o video-game foi de hóquei. Possuia cerca de quatro, cinco jogos de hóquei para aquele console.

No fim de 2000 coloquei TV à cabo e pude, finalmente, assistir um jogo de hóquei. O primeiro que lembro ter visto foi uma reprise de Penguins e Flyers, numa manhã de sábado. Naquele dia, me tornei um torcedor dos Pens. Não havia completado sequer um mês da volta do Mario Lemieux e a história, desde os problemas de saúde ao jogo de volta em dezembro, me fascinou.

No mês seguinte assisti o Jogo das Estrelas e passei a assistir e gravar todos os jogos que a ESPN trasmitia. Virava noites e noites assistindo hóquei.

Em 2001 comecei a jogar hóquei in-line, mas devido aos custos elevados, desisti de praticar o esporte. Joguei até meados de 2002.

Assisti os Devils eliminarem os Penguins na Final de Conferência e depois cairem para o Colorado Avalanche em 2001. Assisti os Red Wings acabarem com os Hurricanes em 2002. Sofri ao ver os Ducks perderem para os Devils em 2003. Sofri também ao ver Jarome Iginla e os Flames cairem frente ao Lighting em 2004. Junho e julho tornaram-se sinômimos de hóquei de alto nível ao vivo [coisa rara em temporada regular].

Antes da greve na NHL, assisti Lemieux liderar o Canadá ao título da Copa do Mundo. Durante a greve, ouvi os jogos dos Baby Pens, time afiliado dos Penguins na AHL.

Quando a greve acabou, os Pens ganharam o maior presente. Sidney Crosby, primeira escolha no recrutamento daquele ano, caiu nas mãos de Craig Patrick num dos dias mais estranhos da minha vida. O meu amigo Leal me mandou uma mensagem dizendo que os Pens haviam conquistado a primeira escolha, logo depois outro amigo, o Fábio Asquino, também mandou. Eu queria comemorar, mas não podia. Fiquei louco para chegar em casa e, quando cheguei, pude celebrar com os amigos torcedores dos Pingüins de Pittsburgh.

A temporada 2005-06 foi a minha primeira acompanhando os Pens diariamente. Assisti boa parte dos jogos e ouvi alguns. Os Pens não foram aos playoffs, mas foi um ano especial.

Desde então, assisto todos os jogos dos Penguins que tenho acesso e participo das discussões da comunidade brasileira dos Penguins no Orkut. Luto pela divulgação do esporte e brigo contra a imagem ruim que a mídia brasileira dá ao esporte, o chamando de violento.

O hóquei é o meu esporte favorito, é a minha paixão. Vivo o esporte, mesmo nunca tendo visto neve nem um jogo oficial. Coleciono meus pucks [ou discos], minhas figuras de ação dos jogadores. Tenho uma foto do primeiro gol do Crosby no meu quarto, ao lado do poster do Mario Lemieux. As pessoas podem não entender. Talvez não seja mesmo para entender. O hóquei, como em várias crianças canadenses, faz parte da minha vida. E, independente do lugar em que eu viva, isto não irá mudar.

Novo colaborador

Como vocês podem observar no menu ao lado, temos um novo colaborador. O amigo Thiago Leal, torcedor do Anaheim Ducks, escreverá, junto comigo, sobre os temas mais marcantes – e os não tão marcantes também – da história do hóquei.

Para começar, iremos contar um pouco da nossa história com o hóquei e tentar, mesmo sem a esperança de sucesso, explicar o porquê de ser fã de hóquei num país onde icing é bebida e hóquei [ou melhor, hockey] é música.

Então fiquem atentos, no fim de semana teremos novos textos!

quinta-feira, 6 de março de 2008

Introdução

Não é possível tornar-se um conhecedor de algum tema sem conhecer sua história. Os fatos que aconteceram com àqueles que vieram antes de nós é uma belíssima forma de projetar acontecimentos futuros.

O hóquei no gelo, como qualquer outro esporte, possui uma história recheada de grandes momentos, confusões e modificações. Desde os dias em que o esporte era apenas uma maneira de diversão no rigoroso inverno canadense, com lâminas fixadas aos sapatos e tacos de madeira, até a profissionalização do esporte e seus problemas, o hóquei exibe bons e maus momentos e seus ídolos e seus vilões. Quem consegue esquecer os embates entre Canadá e Rússia na Summit Series de 1972? E quem quer, mas não consegue esquecer os dias de greve na NHL?

É com o objetivo de estudar a história do esporte, em todos os seus níveis, desde os amadores aos profissionais, que crio este blog. Advirto, previamente, que não pretendo seguir uma linha cronológica nos meus textos. Talvez, um dia, o faça em links no menu ao lado.